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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Património Perdido III - Aldeias

Foto: Aldeia de Cima, Armamar + · Andar em tabique sobre o rés-do-chão em pedra - granito no caso; · Varanda saliente, recoberta pelo normal telhado da casa, outrora assente nos barrotes do primeiro piso; · Janelas, portas e molduras em madeira garridamente pintadas, dizem que para afastar as más influências. Paredes do primeiro andar em contacto directo com o exterior revestidas a ardósia, para maior impermeabilização; · Rés-do-chão (armazém e lagar) com poucas aberturas.
Fica assim apresentado mais um espécime genuíno da arquitectura vernácula alto-duriense. “Património perdido” no título porque efectivamente o edifício que surge nas imagens foi recentemente demolido. Com a sua demolição varreram-se os saberes ancestrais que presidiram à sua construção. Infelizmente ainda se privilegia a demolição em detrimento da reconstrução. Fica contudo para a memória o registo destas fotografias, como outras que infelizmente aqui tenho apresentado.
Rafael Carvalho, Set2008

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Património Perdido II - Lazarim


Foto: Lazarim - Lamego
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Sábado, 2 de Fevereiro de 2008.
A três dias do auge da Festa Carnavalesca, em Lazarim já se ouvem os chocalhos. Transportando varapaus e biforcados, envergando as diabólicas máscaras de madeira, vestidos a rigor com fatos garridos e esfarrapados os caretos surpreendem os turistas desprevenidos e as moças solteiras.
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Passeando pelas ruelas desta bela povoação, longe da animação que basicamente é feita em torno da praça central, entre tabiques, ardósias, madeiras, chapas garridamente pintadas e varandas suspensas, admiro os belos exemplares da arquitectura tradicional alto-duriense nela contidos.
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Paro para fotografar uma despretensiosa casa, revestida com negros soletos. Despertou-me a atenção pelo facto de apenas a fachada frontal do primeiro andar ser feita em tabique. Uma habitante segreda-me que o dito espécime em breve será demolido para dar lugar a uma garagem.
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Questiono-me: Que sonhos terão sido nela vividos? Quantas crianças terão espreitado amedrontados pelos vidros das janelas os diabos carnavalescos que na rua passavam?
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Lamentavelmente a semente renovadora das Aldeias Vinhateiras (Ucanha, Salzedas, Favaios, Barcos, Trevões) parece ainda não ter aqui chegado! Recuperando fachadas, coberturas e equipamentos públicos, o projecto Aldeias Vinhateiras devolveu a dignidade às povoações. Com o estabelecimento de uma Zona Especial de Protecção assegurou-se a salvaguarda do valor paisagístico e patrimonial, evitando a descaracterização na sequência das intervenções realizadas.
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Sinto um arrepio. Lazarim é a pátria dos caretos. Sem o seu habitat - ruas e ruelas, tabiques, ardósias, madeiras, chapas garridamente pintadas e varandas suspensas, o futuro adivinha-se negro para os caretos, figuras mitológicas no Douro, minha terra.

Rafael Carvalho / Fev2008

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Património Perdido I - Tões


Foto: Tões – Concelho de Armamar

Ao contrário de muitas zonas do país, o Alto-Douro ainda tem conseguido manter alguns dos seus tesouros arquitectónicos.
Em Portugal, é o Património Arquitectónico que coloca Óbidos, Monsanto, Marialva e outras tantas povoações nos roteiros turísticos.
Ainda durante o ano de 2007, quem seguia de Aldeias para Tões, logo à entrada desta última localidade era presenteado com a casa da imagem, exemplar característico da arquitectura alto-duriense. Sobre o R/C de pedra, erguia-se o primeiro andar em tabique, revestido com escamas de ardósia caiada.
Sem qualquer tipo de relação arquitectónica com a anterior, em seu lugar foi erguida uma nova habitação, de volumetria muito semelhante.
Não pondo em causa o que entretanto se construiu, lamento sinceramente o que se destruiu!
Tões e todas as aldeias alto-durienses deverão ter orgulho no património de que são detentoras, valioso pela diferença, sinal de identidade.
Quanto à casa da foto fica o registo e, infelizmente, a fotografia para a história.


Rafael Carvalho / Jan2008