Midões - Castelo de Paiva
Domingo, 20 de Janeiro de 2008.
Ladeada por uma densa floresta de eucaliptos, onde ainda resistem alguns sobreiros, carvalhos e medronheiros, a descida para a aldeia de Midões, concelho de Castelo de Paiva, é feita por uma estreita e velha estrada de acesso ao rio Douro, via rápida da antiguidade.
Logo à entrada, junto da antiga venda, por entre laranjais, temos a percepção de estarmos a entrar num mundo novo.
Do casario erguido em xisto, destaca-se a Casa do Passadiço. Este belo exemplar arquitectónico marca a diferença pela elaborada cantaria de granito presente nos seus cunhais e vãos de portas e janelas. Uma das ruelas, trespassando o coração desta casa, põe à vista o soalho que lhe serve de tecto. Bonito casamento este entre a madeira e a pedra.
Os restantes edifícios tocam pela sua modéstia e simplicidade. Na falta de recursos financeiros, a madeira e um ou outro bloco de xisto mal aparelhado, mas nem por isso menos belo, ajudam a vencer os pequenos vãos aí presentes. Junto às portas e nos poiais das janelas, os vasos alegram as fachadas.
De máquina fotográfica a tiracolo, avanço pela aldeia. De uma chaminé solta-se uma coluna de fumo. A casa respira… Está viva!
Já no topo da povoação sou surpreendido por um cão, pouco habituado à presença de estranhos neste território que é seu. Cruzo-me com o seu dono. Radicado à muito na cidade do Porto, não passa as férias nem nenhum dos fins-de-semana longe da sua Aldeia Natal. Contou-me histórias do tempo em que em torno do rio, a aldeia então com as suas três vendas fervilhava de vida. O seu próprio pai, proprietário de um barco rabão, vivia do transporte de bens e pessoas. Outros, a par com a agricultura, viviam da pesca, época dourada da lampreia e do sável. As minas do Pejão, entretanto encerradas, alimentavam as restantes bocas. Tempo que já lá vai, quando o rio não domado pelas barragens ceifava furioso muitas vidas no Inverno, permitindo contudo que o atravessassem a vau no Verão.
Terminada a conversa regresso à estrada. Não sem antes parar para apreciar uma humilde e despretensiosa casa. Na sua fachada apenas uma porta ao nível do rés-do-chão, destacada pelas proporções da moldura de granito que a cerca. Alinhada com a porta, no primeiro andar, sobre um fundo caiado apenas uma janela. Ao lado uma hera.
Em franca harmonia com o meio circundante, atrás de mim deixo o casario de Midões, agradável surpresa esta numa fria manhã de Inverno, num Douro mais atlântico mas nem por isso menos belo.
Ladeada por uma densa floresta de eucaliptos, onde ainda resistem alguns sobreiros, carvalhos e medronheiros, a descida para a aldeia de Midões, concelho de Castelo de Paiva, é feita por uma estreita e velha estrada de acesso ao rio Douro, via rápida da antiguidade.
Logo à entrada, junto da antiga venda, por entre laranjais, temos a percepção de estarmos a entrar num mundo novo.
Do casario erguido em xisto, destaca-se a Casa do Passadiço. Este belo exemplar arquitectónico marca a diferença pela elaborada cantaria de granito presente nos seus cunhais e vãos de portas e janelas. Uma das ruelas, trespassando o coração desta casa, põe à vista o soalho que lhe serve de tecto. Bonito casamento este entre a madeira e a pedra.
Os restantes edifícios tocam pela sua modéstia e simplicidade. Na falta de recursos financeiros, a madeira e um ou outro bloco de xisto mal aparelhado, mas nem por isso menos belo, ajudam a vencer os pequenos vãos aí presentes. Junto às portas e nos poiais das janelas, os vasos alegram as fachadas.
De máquina fotográfica a tiracolo, avanço pela aldeia. De uma chaminé solta-se uma coluna de fumo. A casa respira… Está viva!
Já no topo da povoação sou surpreendido por um cão, pouco habituado à presença de estranhos neste território que é seu. Cruzo-me com o seu dono. Radicado à muito na cidade do Porto, não passa as férias nem nenhum dos fins-de-semana longe da sua Aldeia Natal. Contou-me histórias do tempo em que em torno do rio, a aldeia então com as suas três vendas fervilhava de vida. O seu próprio pai, proprietário de um barco rabão, vivia do transporte de bens e pessoas. Outros, a par com a agricultura, viviam da pesca, época dourada da lampreia e do sável. As minas do Pejão, entretanto encerradas, alimentavam as restantes bocas. Tempo que já lá vai, quando o rio não domado pelas barragens ceifava furioso muitas vidas no Inverno, permitindo contudo que o atravessassem a vau no Verão.
Terminada a conversa regresso à estrada. Não sem antes parar para apreciar uma humilde e despretensiosa casa. Na sua fachada apenas uma porta ao nível do rés-do-chão, destacada pelas proporções da moldura de granito que a cerca. Alinhada com a porta, no primeiro andar, sobre um fundo caiado apenas uma janela. Ao lado uma hera.
Em franca harmonia com o meio circundante, atrás de mim deixo o casario de Midões, agradável surpresa esta numa fria manhã de Inverno, num Douro mais atlântico mas nem por isso menos belo.
Rafael Carvalho / Jan2008
4 comentários:
Rafael, muito obrigado pela sua visita e também pela sua contribuição para a preservação do nosso património e da nossa rica arquitectura tradicional. Voltarei aqui regularmente.
Qualquer que seja o cantinho do mundo, a Net tem o dom de unir pessoas com interesses comuns.
Até breve.
Obrigado pela imagem e comentario. Sou o priviligiado que dorme naquela casa e tenho como companheiro o rio que tanto gosto, sempre que me é possível.
Grande coincidência!
Parabéns pela bela aldeia e pela bela casa!
Obrigado pelo comentário.
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