Ribeira de Goujoim - Concelho de Armamar
Nestas coisas de arquitectura, as fronteiras nem sempre são nítidas. Aliás, muitos dos alto-durienses da margem sul julgam-se beirões, quando não o são!
O livro “Arquitectura Popular em Portugal”, da Associação de Arquitectos, descreve com algum pormenor a varanda beirã. Adequando-se a descrição feita ao que se vai observando no Alto-Douro, julgo útil aqui a sua transcrição.
“(…) É o sol – que aquece gratuitamente – o mais importante auxiliar nessa luta contra o frio. O Sol amigo e generoso, que mesmo no Inverno não desampara o beirão durante semanas, ou até meses, (…).
Expor-se aos raios de Sol, ao afago do seu calor sem preço, constitui, pois, a melhor das defesas. E as varandas bem orientadas são os elementos arquitectónicos mais adequados para o efeito que o beirão concebeu e constrói.
Conquanto não se possa atribuir a sua criação e a sua generalização exclusivamente a um condicionamento climático, é fora de dúvida que esse é o factor primordial do seu uso em terras da beira. Uso tão frequente e de tal importância nas edificações, principalmente nas dos meios rurais, que as varandas se tornaram os elementos mais característicos e funcionais da Arquitectura regional beirã.
Sempre que é possível, orientam-nas a sul-poente. É esse o sector que mais horas de sol quente recebe por dia, no Inverno, e também o mais abrigado dos ventos dominantes. E se o casario vizinho não permite a exposição usual, orientam-nas para o sul, ou sul-nascente, ou nascente, mas nunca para o norte.
Nesses espaços, que participam simultaneamente do interior e do exterior das casas, costura-se, faz-se meia, secam-se as roupas lavadas e alguns frutos, guardam-se abóboras, passa-se o tempo e espera-se a morte, quando a idade e a invalidez já não deixam participar nas tarefas úteis.
Em geral, as varandas da Beira são cobertas por um prolongamento do telhado de telha vã ou integram-se no perímetro da edificação e conjugam-se muitas vezes com as escadas exteriores.
Se os donos das casas têm algumas posses e um desejo correspondente de diminuir o desconforto habitual, equipam-nas com varandas envidraçadas, onde o sol penetra, mas os ventos não entram; varandas cuja utilização e cujas vantagens são obviamente superiores às outras, e que se acabam por tornar as dependências de maior permanência e utilidade – as mais adequadas, portanto, às condições climatéricas locais.
Atingem por vezes, proporções enormes e impõem-se pela extensão e pelo ritmo da caixilharia, que, frequentemente, ocupa toda a frente livre, do chão ao tecto. A sua generalização constitui, porventura a maior contribuição do século XIX para a valorização da Arquitectura regional beirã; e só a confusão dos tempos mais recentes parece ter entravado um tanto a sua expansão.”
O livro “Arquitectura Popular em Portugal”, da Associação de Arquitectos, descreve com algum pormenor a varanda beirã. Adequando-se a descrição feita ao que se vai observando no Alto-Douro, julgo útil aqui a sua transcrição.
“(…) É o sol – que aquece gratuitamente – o mais importante auxiliar nessa luta contra o frio. O Sol amigo e generoso, que mesmo no Inverno não desampara o beirão durante semanas, ou até meses, (…).
Expor-se aos raios de Sol, ao afago do seu calor sem preço, constitui, pois, a melhor das defesas. E as varandas bem orientadas são os elementos arquitectónicos mais adequados para o efeito que o beirão concebeu e constrói.
Conquanto não se possa atribuir a sua criação e a sua generalização exclusivamente a um condicionamento climático, é fora de dúvida que esse é o factor primordial do seu uso em terras da beira. Uso tão frequente e de tal importância nas edificações, principalmente nas dos meios rurais, que as varandas se tornaram os elementos mais característicos e funcionais da Arquitectura regional beirã.
Sempre que é possível, orientam-nas a sul-poente. É esse o sector que mais horas de sol quente recebe por dia, no Inverno, e também o mais abrigado dos ventos dominantes. E se o casario vizinho não permite a exposição usual, orientam-nas para o sul, ou sul-nascente, ou nascente, mas nunca para o norte.
Nesses espaços, que participam simultaneamente do interior e do exterior das casas, costura-se, faz-se meia, secam-se as roupas lavadas e alguns frutos, guardam-se abóboras, passa-se o tempo e espera-se a morte, quando a idade e a invalidez já não deixam participar nas tarefas úteis.
Em geral, as varandas da Beira são cobertas por um prolongamento do telhado de telha vã ou integram-se no perímetro da edificação e conjugam-se muitas vezes com as escadas exteriores.
Se os donos das casas têm algumas posses e um desejo correspondente de diminuir o desconforto habitual, equipam-nas com varandas envidraçadas, onde o sol penetra, mas os ventos não entram; varandas cuja utilização e cujas vantagens são obviamente superiores às outras, e que se acabam por tornar as dependências de maior permanência e utilidade – as mais adequadas, portanto, às condições climatéricas locais.
Atingem por vezes, proporções enormes e impõem-se pela extensão e pelo ritmo da caixilharia, que, frequentemente, ocupa toda a frente livre, do chão ao tecto. A sua generalização constitui, porventura a maior contribuição do século XIX para a valorização da Arquitectura regional beirã; e só a confusão dos tempos mais recentes parece ter entravado um tanto a sua expansão.”
in “Arquitectura Popular em Portugal” / Associação de Arquitectos
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