domingo, 29 de novembro de 2009

Lamego – por terras da Princesa Ardínia

Foto: Lamego
+ A fotografia capta algumas das edificações da Praça do Comércio, junto do Bairro do Castelo, em Lamego. Estreitos e com vários andares, os edifícios acabam por plagiar a torre que lhes serve de pano de fundo… Sobre o castelo e os seus habitantes contam-se algumas lendas, como a que seguidamente descrevo. +
No tempo em que Mouros e Cristãos lutavam pela posse de Lamego, viveu no seu Castelo um Rei Mouro de nome Alboacém, pai de uma linda princesa chamada Ardínia (1). Dom Tedom Ramires, cavaleiro cristão, bisneto do Rei de Leão D. Ramiro II, enamorou-se pela princesa quando um dia disfarçado veio a Lamego. Esse primeiro encontro aconteceu numa noite de luar junto ao laranjal do castelo. Os encontros sucederam-se, mas, como Alboacém não consentia o casamento, os jovens apaixonados fugiram para o Convento de São Pedro das Águias, onde o abade Gelásio os casou. O Rei Mouro ao perceber a traição da filha, foi pessoalmente ao seu esconderijo e aí mesmo a matou. O seu corpo depois de esquartejado foi lançado ao rio Távora. Dom Tedom ao saber das notícias nunca mais se quis casar. Veio depois a ser morto em combate pelos muçulmanos junto ao rio Tedo, que por isso tomou o seu nome. Nos Invernos em que o Castelo de Lamego se envolve em nevoeiro, conta-se que a alma da princesa Ardínia paira sobre o mesmo... Por vezes ainda hoje as águas do rio Távora aparecem vermelhas, porque o sangue de Ardínia, dizem, as tingiu.
(1) Ardínia ou Ardinga, consoante as fontes.
Rafael Carvalho / Nov2008

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Barrote

Foto: Santiago, Armamar
+ Sem ver o modelo ao vivo, dificilmente será possível adivinhar o que é que a imagem de hoje ilustra. Entalado nas pedras de uma das paredes laterais, exposto às intempéries e à passagem do tempo, trata-se simplesmente da face exterior de um dos barrotes do soalho do primeiro andar da construção que seguidamente apresento.
Rafael Carvalho / Nov2009

domingo, 22 de novembro de 2009

Tosca janela em Santiago

Foto: Santiago, Armamar Continuo por Santiago, desta feita mostrando uma tosca mas bela janela. Esbatida pelo tempo - meteorológico e cronológico, a portada surge pintada em tons rubros. Votada ao esquecimento, a rubra cor foi em tempos muito usada na região. A casa onde se insere é construída em granito não rebocado. A rudeza é tal que as juntas entre as pedras não possuem qualquer argamassa, como aliás se pode confirmar pela imagem.
Rafael Carvalho / Nov2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Argola

Foto: Santiago, Armamar + Ao percorrer as muitas aldeias durienses, sou seguido diversas vezes de perto pelos meus filhos Diogo e Catarina, de 8 e 9 anos respectivamente. Nessas incursões, tenho o cuidado de com eles conversar sobre o património invisível pelo qual vamos passando. Invisível porque mesmo passando por ele todos os dias, são efectivamente poucos aqueles que nele reparam. São exemplos desse património as aldrabas, batentes e puxadores de porta, fabricados pelos mestres ferreiros actualmente inactivos. Património invisível são certamente também as argolas ainda existentes que, uma vez chumbadas na parede, permitiam prender os animais quadrúpedes: gado muar, asinino, cavalar ou bovino. Pergunto eu durante quanto mais tempo haverá memória deste facto. Evidentemente não obtenho resposta.
Rafael Carvalho / Nov2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Arquitectura vernácula em Santiago

Foto: Santiago, Armamar
+ O Edifício da imagem localiza-se em Santiago, Armamar. Começo por saudar o seu proprietário pelo excelente estado de conservação em que o edifício se encontra. A fachada deste lar ostenta uma bela varanda em madeira, recoberta pelo normal telhado da casa, característica outrora abundante na região. A aldeia de Santiago ainda conserva alguns tesouros da arquitectura vernácula alto-duriense, que urge preservar. Pena é que a correcta recuperação dos edifícios não seja incentivada …
Rafael Carvalho / Nov2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Arquitectura de Produção em Alcofra

Foto: Freguesia de Alcofra, Vouzela
+ Aquando da minha passagem por Alcofra, deparei com o complexo da imagem – eira/espigueiro/armazém anexo.
+ Eira – "s. f. / Terreno liso ou empedrado onde se põem a secar e se trilham ou desgranam legumes ou cereais". Espigueiro - "s. m. / Tulha ou lugar onde se guardam as espigas do milho; Canastro".
+
Pertencente a uma prensa, possivelmente de vinho, numa das paredes do armazém virada ao arruamento público espreitava a vara da imagem seguinte.
Rafael Carvalho / Nov2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Aldraba negra em porta azul

Foto: Freguesia de Alcofra, Vouzela
+ Não muito distante da casa do meu último post, sobre o fundo azul de uma porta de madeira (ainda as há), sobressai uma aldraba. Honra seja feita ao carpinteiro e ao ferreiro, responsáveis por tão bela combinação!
Rafael Carvalho / Nov2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Casa em Alcofra

Foto: Freguesia de Alcofra, Vouzela
+
Continuando em Alcofra, exponho a casa da imagem. Rude, encanta-me pela robustez das suas graníticas paredes. De simplicidade levada ao extremo, ao nível das janelas a separação entre o interior e o exterior é feita apenas por uma portada. A zona de habitação surge no 1º andar. Como em muitas casas nortenhas, o R/C possui escassas aberturas, reduzidas no caso a despretensiosas frechas. O R/C servirá de arrumos, não sendo de estranhar nele a presença de animais domésticos com algum porte (gado asinino, muar, cavalar, bovino, …). Capturei esta imagem no do dia, razão pela qual a fachada surge matizada pela sombra de uma árvore, o que lhe confere alguma graça.
Rafael Carvalho / Nov2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Torre de Alcofra

Foto: Cabo de Vila, Concelho de Vouzela
+ Por alturas da Páscoa, abandonando a A25 e seguindo de Campia em Direcção ao Caramulo, percurso para mim desconhecido, na povoação de Cabo de Vila deparei com a torre da imagem. Não fiquei indiferente. Trouxe-me à memória uma outra torre, também ela medieval, existente em terras durienses – a bela Torre de Ucanha! Relativamente à Torre de Alcofra, a sua entrada surge na face oposta à da imagem. Possui três pisos: rés-do-chão, primeiro e segundo andares. A primitiva ocupação humana deste sítio é anterior à nacionalidade, permitindo o topónimo “Alcofra” inferir ter sido ocupada pelos Muçulmanos. A torre parece ter sido propriedade de António Magalhães, barão de Moçâmedes, como atestam as iniciais "AMBDM" que fotografei, epigrafadas em dois locais distintos do granito exterior.
É com grande dignidade que a aldeia de Cabo de Vila serve de enquadramento à Torre de Alcofra. Reportar-se-ão a esta aldeia os próximos posts.
Informação adicionais sobre a torre a Torre de Alcofra em http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Alcofra. Rafael Carvalho / Abr2009

domingo, 1 de novembro de 2009

Cegonhas e osgas… Alterações climáticas? Talvez!

Foto: Sta. Joana, Aveiro +
A presente imagem, não vale pela sua qualidade mas por aquilo que representa. Sendo natural de Aveiro, assisti a algumas mudanças nos últimos anos que me deixam perplexo. Há cerca de vinte anos apareceram por aqui as primeiras cegonhas. São hoje uma espécie abundante. Parte do sucesso desta ave na região é devido à grande proliferação de lagostins, espécie exótica introduzida na região. Sou natural de Aveiro mas resido no mediterrânico vale Duriense. Foi precisamente aí que privei mais de perto com a osga (Tarantola mauritanica), cruzando-me frequentemente com ela nos meus estivais passeios noctívagos. Esta espécie, de hábitos corpusculares e nocturnos, é frequentemente vista em paredes e muros, preferencialmente iluminados, onde caça insectos. A osga juvenil da imagem porém não foi captada no Douro, nem mesmo no Sul do país onde também é frequente. Foi captada este fim-de-semana em Aveiro, minha terra Natal. De feições atlânticas não seria previsível encontrá-la lá. Alterações climáticas? Talvez!
Rafael Carvalho / Nov2009