(…) Como diz Villaret, a roupa na janela é um retrato dos seus proprietários. Se por acaso vemos uma camisola de futebol, percebemos que o filho mais velho vai jogar futebol (…). Se vemos um alinhamento de peúgas esburacadas, descobrimos que não existe uma avó que se dedique à nobre tarefa de passajar a roupa. Se surgem camisas de dormir com formas voluptuosas, damo-nos conta da turbulência libidinal que vai por aquela casa. Se vemos um xaile preto, cheira-nos a fado. Se vemos umas calças de ganga cheias de tinta branca, compreendemos que o pai trabalha na construção civil. Se vemos uma farda reluzente, ficamos a saber que há guarda republicano nas imediações. Se existe uma farda de bombeiro, sentimos o odor a fogo na floresta. Se vemos um conjunto de meiinhas cor-de-rosa, avançamos com a hipótese de o bebé ser menina. (…)
(…) E deste modo ficas a conhecer a vida quotidiana daquela família, os membros que a compõem, a sogra que vem passar duas semanas (…).
Eduardo Prado Coelho / in Nacional e Transmissível
Rafael Carvalho / Jan2009
5 comentários:
Liliana,
as povoações despovoadas deixam-me deprimido. É por isso que aprecio tanto estes sinais de vida.
Cumprimentos.
Também gosto de fotografar roupa estendida a secar, sobretudo nas aldeias.
Cumprimentos
Júlia,
já tinha reparado que tínhamos alguns gostos em comum!...
Cumprimentos.
está muito boa a fotografia, bom ângulo. roupa estendida também é algo que prende a minha imaginação :D
AC,
sinais de vida...
Cumprimentos.
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