1987 - Selo dos CTT comemorativo dos «75 anos do Turismo»…
Postal máximo obtido aqui
+
A imagem do palheiro durante muito tempo foi sinónima de miséria. O palheiro conviveu com a desorganização urbanística, associada à ausência de saneamento, electricidade e água. Foi durante muito tempo um alvo a abater.
Contraditoriamente, o mesmo povo que condena o Palheiro à extinção continua a querer imortalizá-lo.
Decrépito e em pré-extinção a imagem do Palheiro continua “a vender” nos folhetos turísticos, nos cartazes de promoção de eventos, nos artigos de artesanato estampado em pratos ou vendidos como miniatura. Jovens associações incluem-no nos seus logótipos (AMPT - Associação de Moradores da Praia da Tocha; Associação de Bodybord da Praia da Tocha). Quando o calor do verão aperta, revistas e jornais dedicam-lhe páginas inteiras. Os Palheiros da Tocha serviram de cenário ao filme de Fernando Lopes “Uma abelha na chuva” (1971). Em 2009 a banda Blind Zero escolheu os palheiros da Tocha como pano de fundo para o teledisco “Slow Time Love”.
Logótipo da Associação de Moradores da Praia da Tocha
+
Em 1987 o Palheiro da Tocha serviu de rosto no selo dos CTT comemorativo dos «75 anos do Turismo»…
Os mesmos CTT em 1985 retrataram o Palheiro da Tocha numa série alusiva à Arquitectura Popular Portuguesa.
O Palheiro constitui o motivo principal do brasão da freguesia da Tocha.
1985 - Palheiro da Tocha numa série de selos alusiva à Arquitectura Popular Portuguesa.
Palheiro da Tocha, motivo principal do brasão da freguesia da Tocha.
+
Na povoação são vários os exemplos de casas de tijolo revestidas a madeira, umas bem conseguidas, outras nem por isso.
Há contudo quem rume contra a maré. De construção relativamente recente, os palheiros do Posto de Turismo e da “Associação de Moradores da Praia da Tocha” são disso um exemplo.
As novas construções sobre a frente marinha – biblioteca, abrigo dos pescadores e bares anexos - amputadas de telhado são todavia palafitas de madeira, uma alusão aos antigos palheiros. Cortaram contudo de forma radical com a tradição. Pelo grande afastamento relativamente aos palheiros tradicionais foram uma oportunidade perdida.
Numa altura em que a palavra sustentabilidade está na ordem do dia, o facto de sabermos que nos primórdios da Praia da Tocha foram exclusivamente usados na construção materiais renováveis locais de baixo impacto ambiental, dá-nos que pensar!...
É absolutamente errado supor anacrónico o uso da madeira nos dias de hoje. Os países da Europa e da América do Norte, com climas mais agrestes do que o nosso, reconhecidos como estando no topo do desenvolvimento humano, continuam e hão-de continuar a construir em madeira.
Face ao exposto não me parece descabida a ideia de criar, na Praia da Tocha, uma zona de edificação exclusiva para verdadeiros palheiros, composta por 15 a 20 habitações, o suficiente para assegurar o seu futuro. Localizados na linha da frente, interessados certamente não faltariam.
Rafael Carvalho / Set2010
Consulte também:
Palheiros da Tocha (1 de 5);
Palheiros da Tocha (2 de 5) - Origem da Povoação;
Palheiros da Tocha (3 de 5) – Breve caracterização;
Palheiros da Tocha (5 de 5) – Os resistentes;
Projecto Meia-Cana / Palheiros da Tocha
6 comentários:
Pois é, usa-se a arquitectura tradicional como cartaz turístico e depois faz-se tudo para a erradicar e substituir pelos "sinais da modernidade". É a chamada publicidade enganosa! Acho a sua proposta uma excelente ideia, que se não fossem alguns interesses instalados, seria decerto uma mais valia, tanto para este património, como para a afirmação do mesmo como marca e identidade do local, o que acabaria por trazer dividendos também em termos turísticos.
Cumprimentos.
Armando,
palavras sábias as suas...
É uma questão de identidade, estão em causa as nossas "raízes"!
Cumprimentos.
A madeira continua a ser um material de construcao perfeitamente actual, sendo muito utilizado, tanto em arquitectura moderna como tradicional, na europa e america do norte.
Sr. Anónimo,
material de construção actual, numa altura em que a palavra sustentabilidade está na ordem do dia...
Cumprimentos.
Tenho seguido com muito interesse os seus textos sobre os palheiros. Completaram a informação que tinha sobre estas casas, tão adaptadas ao meio, sem o destruir. Pena que esta perspectiva esteja tão longe dos construtores dos nossos tempos.
Cumprimentos
Júlia,
outrora os palheiros pululavam em todo o litoral central. Infelizmente na actualidade são apenas uma sombra daquilo do que já foram no passado.
Cumprimentos.
Enviar um comentário